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Pintura a óleo de uma mulher salvadorenha em uma pandemia | Opinião

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“Nunca imaginei que eles tivessem que sair tão jovens e que não os demitiríamos, pois são feitos rituais de homenagem a amigos queridos”, diz Zulma Larin, que sentiu a dor recente, em decorrência da pandemia em El Salvador .

“Eram duas pessoas muito queridas e tiveram que sair sem vê-los ou acompanhá-los. Então ainda caminhamos com esse vazio, porque a situação da saúde ainda é latente”, diz que passou quase duas décadas em ações comunitárias, como fundadora da Rede de Ambientalistas Comunitários de El Salvador (Racdes).

Sua trajetória remonta ao início da adolescência. “Fui refugiado, vivi e fui educado entre os abrigos luteranos – para quem fugia da violência causada pelo conflito armado – e a clandestinidade, me envolvendo em atividades políticas, o que forjou meu compromisso, disciplina e me permitiu administrar o arte de sobreviver em tempos de guerra (…) Aquelas condições em que cresci, ajudaram-me a ter uma visão muito ampla da vida em comunidade”, assegura.

Desde criança, “sonhava que todas as nossas preocupações acabariam, porque não tínhamos o necessário para viver. Com meu pai trabalhando no campo e minha mãe em casa, aprendi a cuidar da roça, logo aprendi o que era a exploração laboral das famílias camponesas.”

“Quando eu tinha 10 anos, presenciei o assassinato de meu pai durante a guerra civil que atingiu a todos nós. Alguns anos depois, perdemos meu irmão que fazia parte do Exército. Ele caiu em combate nas Minas de Chalatenango, nunca mais o vimos. Ele ainda está lá, agora uma árvore, em algum lugar naquela montanha”, aponta Larin.

“Apesar de ter percorrido caminhos difíceis e pedregosos, aprendi a chegar onde queria”, insiste. Para a salvadorenha Zulma Larin, o maior desafio como mulher e como espécie humana é a coerência entre pensar e fazer. Ela se reconhece como sensível, alegre, rebelde e lutadora pelo bem comum.

Pandemia em Soyapango

Na língua ancestral Nahuatl, a palavra –suya, significa Palma–, apan é rio: “Lugar do rio da Palma”. Localizada a cerca de 7 quilômetros da cidade de San Salvador, Soyapango é conhecida como a terceira cidade industrial mais populosa do país.

“Ainda há infecções perto do meu ambiente no bairro. Devido ao confinamento, fui submetido a risco de saúde mental e porque Soyapango é um município densamente povoado, com 500.000 habitantes e as infecções neste local têm sido em quantidades. Isso me manteve muito estressado até que o vírus chegou à minha casa.”

Fonte: EFE

“Fomos infectados de forma assintomática e fiquei muito triste, pois minha mãe é diabética e meu marido é hipertenso. Então, isso me levou a tomar medidas extremas de cuidado com minha mãe e meu marido”, lembra Larin.

“Foram dias muito intensos e estressantes. Minha mãe Carmen – ela é meu motor de ação e inspiração – piorou por uma semana. Mais uma semana, meu marido. E eu, bem, também, de uma forma mais branda, porque não tenho doenças crônicas”

No meu pais

O primeiro caso do vírus foi relatado em El Salvador em 18 de março de 2020. Após a abertura da gestão econômica em 24 de agosto, todos assumem que haverá efeitos nocivos nos próximos dias.

Segundo o contador oficial do Ministério da Saúde, o país registrou 26 mil casos confirmados de Covid-19, desde o início da pandemia. Eles contam 739 mortes e cerca de 10.000 casos suspeitos. Entre os doentes com o vírus letal, há 682 graves e 248 críticos. Eles relatam 15.347 pessoas liberadas.

Antes de decretar oficialmente o primeiro caso de Covid-19, na nação centro-americana de 6,5 milhões de habitantes, médicos locais alertaram para o aumento de pacientes com infecções respiratórias em hospitais da capital, San Salvador.

Desde cedo, vários doentes denunciaram a falta de atendimento na rede hospitalar salvadorenha para pacientes com sintomas relacionados à pandemia de coronavírus e outras condições crônicas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), El Salvador encontra-se em uma situação paradoxal, pois ainda não consegue atender às necessidades da população em termos de cobertura universal de saúde no país.

Qualificam-se como principais desafios: o desemprego e subemprego dos agentes de saúde em determinadas categorias, a incapacidade financeira do sector da saúde e a distribuição desigual dos agentes de saúde nos diferentes níveis de serviços, com um défice de 43 por cento, no que se refere a cuidados primários.

Soma-se a isso uma distribuição demográfica desigual dos recursos existentes.

Da mesma forma, a OMS reconhece a disparidade nas condições de trabalho e incentivos econômicos entre o Instituto Salvadorenho do Seguro Social (ISSS) e o Ministério da Saúde, como a falta de agentes de saúde adequadamente capacitados para implementar a atual estratégia de atenção baseada na atenção primária.

Uma das primeiras mortes por Covid-19 foi Óscar Méndez Beltrán, do Panamá. Ele foi diagnosticado com infecção urinária e com teste de Covid, do qual desconhecia o resultado durante seu isolamento na Vila Olímpica. Aos 56 anos, após 10 dias com febre, morreu sozinho em um quarto de hotel para onde foi transferido.

Durante a última semana de março e a primeira semana de abril, já houve reclamações sobre a falta de acesso a cuidados médicos e testes de detecção de vírus, nos chamados centros de contenção.

Em seguida, continuaram os médicos do Hospital Rosales, principal centro de especialidades da rede pública salvadorenha. Mais uma vez, eles exigiram que fossem fornecidos equipamentos de proteção de nível dois, que incluem máscaras, protetores faciais e álcool gel. Eles também pediram que seus horários de trabalho e descanso sejam respeitados, em meio à crescente expansão da Covid-19 no país da América Central.

Da mesma forma, no hospital de Saldaña, destacaram a falta de equipamentos de proteção, de que padecem os médicos do Ministério da Saúde. Apontaram que não dispõem de material e pessoal necessários para atender os pacientes, de modo que -às vezes- ficam nas portas dos hospitais fazendo longas filas, para serem diagnosticados por diversas causas, referem os médicos do hospital salvadorenho Instituto de Seguros Sociais (ISSS)

A rede médica do hospital entrou em colapso para…

Disclaimer: Via Telesur – Tradução de RJ983

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