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Análise: Quem ganhou as eleições em Osasco?

Um amigo me pediu: “Marco, escreve no Planeta Osasco que…”
 
Opinião – Um amigo, depois de ler na Folha que os dois candidatos a Prefeito de Osasco foram secretários do ex-prefeito Emídio de Souza, disse-me: “Marco, escreve no Planeta Osasco que quem ganhou as eleições da nossa cidade foi o PT”.  Pensei muito sobre a sua fala e quero começar esse texto dizendo que apesar de achar a ideia interessante, não concordo com ela.

E não concordo por várias razões. A primeira é que os dois secretários faziam parte de um governo petista, comandado por um prefeito formado como um dos melhores quadros políticos do PT. Emidio era um vereador que fazia a Câmara Municipal  tremer, quando subia na Tribuna e sabia quem levava e porque levava para o seu governo. Ninguém interferia na opção da administração petista no combate à pobreza, pela distribuição de renda e na luta  pelos direitos civis do governo Emídio de Souza.

A segunda razão é que, vendo os vídeos da vitória do candidato na internet, observei algumas cenas e falas que, ao meu ver, revelam a verdadeira face de governo que deve comandar nossa cidade entre 2017 e 2020. A fala do ex-prefeito Rossi, misturando religião e política não é boa, pois nos remete ao Brasil dos coronéis de Jorge Amado, que reprimiam pobres e a Igreja Católica. Já a presença de senhores e senhoras com mais de 40 anos gritando o nome do ex-prefeito me assusta e as manifestações histéricas de jovens como se estivessem num show de pancadão, sem densidade política, me apavora.

A terceira razão vem do grande e transformador governo de Jorge Lapas. Lapas soube entender os dramas de uma cidade que cresceu e não deu solução definitiva à sua exclusão econômica, mudou seu perfil, mas não conseguiu reduzir suas favelas. Nesse sentido, Lapas percebeu que deveria transformar os caminhos que incluíssem todos sem discriminação. Assim, abriu avenidas, creches, unidades de saúde, canalizou córregos e não esqueceu da cultura, fundamental para uma juventude sem opções de lazer e conhecimento. Tenho certeza que o povo vai se arrepender da escolha que fez, rapidamente.

A quarta razão, refere-se ao grupo político que se uniu ao menino. Três ex-prefeitos, um da época da Ditadura e da ARENA, outro do velho e bom PMDB, que combateu a Ditadura mas hoje apoia o Golpe e um terceiro que foi inovador quando trouxe as parcerias para Osasco nos anos 90, mas que por desejo de poder, não percebeu que seu tempo acabou. Na verdade, todos namoravam com o autoritarismo da política e da velha elite osasquense, por isso estão juntinhos. Um quarto nome me dá tristeza é  JP; este  esfrangalhou o melhor partido da história desse país em Osasco,  e por seu fel nunca vai poder explicar como votou em alguém que tem entre seus apoios, o prefeito de Barueri e Governador de São Paulo, adversários políticos  históricos do PT.

E agora, o que fazer então?
Primeiro, entender que nossa elite nunca se conformou com a avanço da cidadania, pensada na Constituição e implementada pelos partidos mais à esquerda neste país, incluindo o PSDB de Mario Covas e Franco Montoro, que não existe mais.  Segundo, entender que o governo indireto do Temer vai tentar, sem tréguas, eliminar conquistas do povo presentes na Constituição Brasileira e passar a mesma ideia para governos sem cor partidária, como este que se instala em Osasco. Vários prefeitos eleitos pelo Brasil, vem com a história de que não são políticos. Terceiro, entender que nossos jovens, cansados da velha política – basta ver os movimentos de rua de 2013 –  se afastaram do debate transformador e acreditam que ao optarem por garotos sem sal e sem açúcar, podem arrumar o Brasil; se enganam, pois os velhos coronéis se vestem de cordeiros, mas são lobos, como diz o provérbio.

Por fim, precisamos lutar e resistir, em nome das crianças sem escola, dos professores mal pagos, dos moradores sem teto, dos aposentados e dos que vão se aposentar, dos trabalhadores que constroem a riqueza desse país e em nosso próprio nome, pois lutamos pelo fim da Ditadura, pela Anistia Política, pela Constituição e pelas Eleições Diretas e por novas políticas públicas voltadas para os mais pobres, que nos permitam participar e corrigir erros seculares do passado, mesmo com equívocos do presente.
 
Marco Aurélio Rodrigues Freitas é jornalista e professor das redes municipal e estadual de São Paulo. Escreve todas as semanas no site Planeta Osasco.
IMG – montagem retirada da web – elaborada por CMIO

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Gabriel Martiniano

Jornalista profissional, fundador da Ticketbras e cidadão de Osasco

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