O mundo está caminhando para a fome global? — RT Notícias de Negócios
O aumento dos preços dos grãos e as interrupções no fornecimento estão causando temores de uma crise iminente
O ministro da Agricultura da Rússia, Dmitry Patrushev, alertou na sexta-feira que o ministério vê riscos de a meta de colheita de grãos do país não ser alcançada este ano. A quantidade de grãos colhidos na Rússia até agora é menor do que no ano passado, disse ele. Isso pode forçar o ministério a rever seus planos de exportação de grãos, o que pode afetar negativamente o mercado global da commodity, acrescentou o ministro. A escassez de grãos já elevou os preços em todo o mundo e levantou preocupações de uma possível crise alimentar.
- O que está por trás do aumento dos preços dos grãos?
Vários fatores se combinaram para impactar o fornecimento de grãos para o mercado global, alimentando assim as preocupações com a segurança alimentar. Entre eles estão a pandemia de Covid-19, a crise na Ucrânia e as subsequentes sanções contra a Rússia, além de fatores ambientais como a onda de calor recorde na Europa, que ameaça a colheita deste ano. - Como o problema começou?
As preocupações globais com a segurança alimentar foram levantadas pela primeira vez em 2020 durante a pandemia. A crise da saúde teve um impacto devastador na economia global, tanto diretamente quanto por meio de medidas governamentais destinadas a tentar retardar a propagação do vírus. A própria doença e os esforços para contê-la ainda estão causando interrupções no fornecimento de produtos agrícolas. - Como os eventos na Ucrânia estão tendo impacto?
O conflito na Ucrânia e as subsequentes sanções contra a Rússia limitaram as exportações agrícolas dos dois países, exacerbando significativamente o aumento global dos preços dos grãos que havia começado em meio à pandemia. Tanto a Rússia quanto a Ucrânia são grandes fornecedores de grãos para o mercado mundial. - Qual foi o impacto das sanções anti-Rússia?
Após o início da operação militar da Rússia na Ucrânia, os principais exportadores evitaram os portos do Mar Negro dos dois países, que são grandes centros de exportação de grãos. O problema é duplo: o conflito em si e o medo dos transportadores internacionais de enfrentar sanções secundárias por se apossar de grãos russos. - E os portos ucranianos?
Os embarques ucranianos de grãos foram afetados porque os portos restantes do país em Odessa e Chernomorsk foram minados em meio ao conflito em curso, que impediu a partida de cargas por cinco meses. No entanto, as negociações entre Rússia, Ucrânia, Turquia e ONU produziram um acordo que permitiu a retomada dos embarques. Os primeiros navios com grãos ucranianos deixaram um porto do Mar Negro na segunda-feira, seguidos por outros três navios na sexta-feira. - Como os preços crescentes afetaram a oferta?
Em resposta ao aumento dos preços dos grãos, os principais exportadores agrícolas, como a Índia e o Cazaquistão, foram forçados a interromper completamente as exportações de grãos para controlar os preços domésticos. Como consequência, muitas nações importadoras de grãos estão enfrentando o aumento dos preços dos alimentos e a escassez. - Quais países enfrentam o maior impacto?
O maior impacto do aumento dos preços dos alimentos foi sentido no Sri Lanka. A nação insular está em estado de agitação há vários meses, com alimentos e combustível em falta e os preços disparando. As tensões aumentaram em julho, quando milhares de manifestantes invadiram a residência do presidente, forçando-o a fugir. Os estados africanos e outros países mais pobres também enfrentam um problema crítico porque dependem das importações de grãos para alimentar suas populações. - Como os países mais ricos são afetados pelo aumento dos preços dos alimentos?
As nações desenvolvidas enfrentam seus próprios problemas. O aumento dos preços dos alimentos tem sido o principal motor da inflação e do aumento dos custos de vida, que já causaram uma dramática desaceleração econômica no Ocidente. Apesar das negações do governo Biden, a economia dos EUA entrou oficialmente em recessão após dois trimestres consecutivos de crescimento negativo do PIB. De acordo com as últimas projeções, o Reino Unido e a UE também estão à beira da recessão.
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