Biblioteca em homenagem a Laura de Vison é aberta em centro de acolhimento LGBTI no Rio
A prefeitura do Rio de Janeiro inaugurou, nesta quarta-feira, a biblioteca Professora Laura de Vison, no Centro Provisório de Acolhimento, dentro de um hotel na Lapa, no centro da cidade.
O hotel social, inaugurado no mês passado, abriga pessoas LGBTs em situação de rua e vulnerabilidade socioeconômica. Muitas delas foram fortemente afetadas pela crise sanitária da Covid-19 e tiveram suas vidas impactadas pela pandemia.
A ideia de disponibilizar livros para os abrigados partiu das assistentes sociais e funcionários como forma de incentivar o desejo de usar a educação como objeto de transformação para construção do futuro, como explica o coordenador especial da Diversidade Sexual, Nélio Georgini.
A biblioteca, homenagem a Laura de Vison, vai contar com um acervo de 200 livros de literatura Brasileira. O hotel atualmente abriga 30 pessoas. A iniciativa disponibiliza quatro refeições por dia e busca oportunidades no mercado para que essas pessoas possam reconstruir suas vidas.
Laura de Vison – que chegou a ser presa da década de 70 por “ser gay” – nasceu em 7 de setembro de 1939. Obrigada a usar a identidade masculina devido ao preconceito da época, obteve licenciatura em filosofia, psicologia e história. Na ditadura militar, deu aulas com os cabelos presos, roupas masculinas e uma cinta de compressão para esconder os seios.
Laura também fazia shows na cena LGBT das noites cariocas, era aplaudida por todos, inclusive por personalidades internacionais, como o estilista Jean Paul Gaultier, que quando soube que Laura lecionava história e moral e cívica, declarou à imprensa que isso não seria permitido pela moral francesa.
Após 18 anos como “professor” no Colégio Cenecista Capitão Lemos Cunha, na Ilha do Governador, na zona norte do Rio de Janeiro, perdeu o emprego porque respondeu perguntas dos alunos sobre a transmissão sexual da AIDS e por admitir ser homossexual.
